SURDO CEGUEIRA X DEFICIENCIA MULTIPLA
Lisete Maria Massulini Pigatto[1]
A inclusão do aluno com surdo cegueira
e deficiência múltipla deve ser bem organizada para obter sucesso. Neste
informativo se diferencia a surdo cegueira e a Deficiência Múltipla. Relacionando-se
algumas características básicas e semelhanças nas estratégias de ensino, destacando
suas necessidades básicas e recursos a ser utilizados na turma com colegas.
A surdo cegueira é uma condição humana
que manifesta outras dificuldades além da cegueira e da surdez. Mc Innes (1999)
considera a surdo cegueira uma deficiência única e as divide em quatro
categorias: indivíduos cegos que se tornaram surdos; indivíduos surdos e se
tornaram cegos; indivíduos que se tornaram surdo cegos; indivíduos que não
tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou
cognitivas nem conceitos para poder construir e compreender o mundo.
Estas pessoas podem ter outras
deficiências associadas como físicas e intelectuais. Segundo Mc Innes (1999) as
pessoas com surdo cegueira tem dificuldade para observar, compreender e imitar
o comportamento das pessoas envolvidas devido as perdas visuais e auditivas. Para
isso sugere a técnicas onde se coloca a mão sobre a mão da pessoa, deste modo a
mão do professor deve ser colocada a cima ou embaixo da mão do aluno para poder
orientar os seus movimentos e estabelecer uma comunicação mais condizente.
Utilizando esta técnica a defesa tátil
pode ser feita na areia, de modo que a pessoa utilize a audição e a visão
residual. Porque a perda parcial ou total dos sentidos de distancia faz com que
a informação do meio venha entrecortada e sem nexo, tornando-a cada vez mais insegura.
Assim torna-se imprescindível um mediador para trazer informações de maneira
coerente.
Para
Bosco, Mesquita e Maia (2010) sem os sistemas de comunicação o avanço no
desenvolvimento torna-se lento pois para a pessoa surdo cega falta recurso de
comunicação para responder bem ao ambiente.
Neste sentido o ambiente deve
ser planejado e organizado para que consiga interagir com as pessoas e os
objetos. Durante o processo de comunicação o mediador tem a função de antecipar
o que, para que e como vai ser realizada aquela atividade, estimulando,
motivando e criando oportunidades para que consiga explorar o ambiente,
confirmando de alguma maneira suas atitudes.
A redução dos estímulos resulta em
hábitos substitutivos e inapropriados de auto-estimulação pela pessoa com surdo
cegueira como: movimento continuo, balanceio, mexer os dedos na frente dos
olhos, olhar fixo para fontes de luz ou uma repetição ritualística. Portanto,
sem uma comunicação efetiva na infância tornar-se um adulto com comportamentos
inadequados na comunicação como o habito de empurrar ou retirar a mão.
Considera-se uma pessoa com deficiência
múltipla aquela que tem mais de uma deficiência associada. De acordo com o
MEC/SEESP, 2002 trata-se de uma condição heterogênea que identifica diferentes
grupos que são afetados no funcionamento individual e no relacionamento
social. As suas características pessoais
desafiam profissionais e a escola ao elaborar situações de aprendizagem que
favoreçam a inclusão escolar social do aluno.
Estes alunos apresentam características
especificas e peculiares com necessidades únicas. Para isso se faz necessário
dar atenção à comunicação e o posicionamento. Sendo assim, as interações de
comunicação e as atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade e
a dignidade. Isso se refere às pessoas que possam mediar o seu contato com o
meio. O mediador deverá ampliar o conhecimento do mundo ao redor desta pessoa
proporcionando autonomia e independência. Para Bosco, Mesquita e Maia (2010)
qualquer tentativa de comunicação pode ser um comportamento.
Considera-se o corpo parte da
realidade humana, portanto favorecer o desenvolvimento do esquema corporal
torna-se primordial. A boa adequação postural torna-se indispensável à
comunicação. Portanto colocar o aluno sentado numa cadeira de rodas ou deitado
para que se comunique é imprescindível. Uma condição que facilita a percepção
dos movimentos.
Ações que o ajudam a
perceber o mundo exterior quando se busca a verticalidade e o ajudam a
desenvolver [...] “o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização dos
seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento
das coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da
força muscular.” (BOSCO, MESQUITA, MAIA, 2010 P. 11).
Conclui-se que pessoas com surdo cegueira
e deficiência múltipla devem aprender a usar as mãos, evitando as estereotipias
motoras, para que desenvolvam um sistema estruturado de comunicação. As
dificuldades fono-articulatórias, motoras ou neurológicas resultam em prejuízo no
processo de simbolização das experiências vivenciais. Sendo assim, cabe à
escola e aos profissionais oferecer recursos que favoreçam a aquisição da
linguagem estruturada, seja verbal ou estrutural relacionada ao ambiente para
ser feliz.
Sendo assim, o professor deve
organizar o Plano do AEE favorecendo a inclusão escolar e social. Para estimular
a aquisição da linguagem, o reconhecimento do ambiente, motivando-o a aprender,
favorecendo as interações sociais. Este fica prejudicado quando as informações
sensoriais e organização do esquema corporal deixam a desejar.
Referencias
BOSCO,
Ismênia C. M. G. .;A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar:
surdocegueira e deficiência múltipla/ Ismênia C.M. G. Bosco; Sandra R. S. H.
Mesquita; Shirley R. Maia. – Brasília: MEC, Secretaria da Educação Especial;
(Fortaleza): Universidade Federal do Ceará, 2010 v. 5. (Coleção A Educação
Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar).
[1] Lisete Maria Massulini Pigatto é Drª
em Ciências da Educação. Atua como Educadora Especial no Sistema Estadual e
Municipal de Ensino na Cidade de Santa Maria, RS, Brasil. Onde desenvolve
projetos que visam a inclusão escolar e social dos alunos de forma saudável.
Acadêmica de Direito na FADISMA – Faculdade de Direito de
Santa Maria.http://www.aee2010.ufc.br/aee/cursos/aplic/index.php?cod_curso=198