quinta-feira, 17 de abril de 2014

SURDO CEGUEIRA X DEFICIENCIA MULTIPLA


SURDO CEGUEIRA X DEFICIENCIA MULTIPLA

 

                                                    Lisete Maria Massulini Pigatto[1]

 

                    A inclusão do aluno com surdo cegueira e deficiência múltipla deve ser bem organizada para obter sucesso. Neste informativo se diferencia a surdo cegueira e a Deficiência Múltipla. Relacionando-se algumas características básicas e semelhanças nas estratégias de ensino, destacando suas necessidades básicas e recursos a ser utilizados na turma com colegas.

                    A surdo cegueira é uma condição humana que manifesta outras dificuldades além da cegueira e da surdez. Mc Innes (1999) considera a surdo cegueira uma deficiência única e as divide em quatro categorias: indivíduos cegos que se tornaram surdos; indivíduos surdos e se tornaram cegos; indivíduos que se tornaram surdo cegos; indivíduos que não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem conceitos para poder construir e compreender o mundo.

                    Estas pessoas podem ter outras deficiências associadas como físicas e intelectuais. Segundo Mc Innes (1999) as pessoas com surdo cegueira tem dificuldade para observar, compreender e imitar o comportamento das pessoas envolvidas devido as perdas visuais e auditivas. Para isso sugere a técnicas onde se coloca a mão sobre a mão da pessoa, deste modo a mão do professor deve ser colocada a cima ou embaixo da mão do aluno para poder orientar os seus movimentos e estabelecer uma comunicação mais condizente.

                    Utilizando esta técnica a defesa tátil pode ser feita na areia, de modo que a pessoa utilize a audição e a visão residual. Porque a perda parcial ou total dos sentidos de distancia faz com que a informação do meio venha entrecortada e sem nexo, tornando-a cada vez mais insegura. Assim torna-se imprescindível um mediador para trazer informações de maneira coerente.

       Para Bosco, Mesquita e Maia (2010) sem os sistemas de comunicação o avanço no desenvolvimento torna-se lento pois para a pessoa surdo cega falta recurso de comunicação para responder bem ao ambiente.      Neste sentido o ambiente deve ser planejado e organizado para que consiga interagir com as pessoas e os objetos. Durante o processo de comunicação o mediador tem a função de antecipar o que, para que e como vai ser realizada aquela atividade, estimulando, motivando e criando oportunidades para que consiga explorar o ambiente, confirmando de alguma maneira suas atitudes.

                    A redução dos estímulos resulta em hábitos substitutivos e inapropriados de auto-estimulação pela pessoa com surdo cegueira como: movimento continuo, balanceio, mexer os dedos na frente dos olhos, olhar fixo para fontes de luz ou uma repetição ritualística. Portanto, sem uma comunicação efetiva na infância tornar-se um adulto com comportamentos inadequados na comunicação como o habito de empurrar ou retirar a mão.

                   Considera-se uma pessoa com deficiência múltipla aquela que tem mais de uma deficiência associada. De acordo com o MEC/SEESP, 2002 trata-se de uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos que são afetados no funcionamento individual e no relacionamento social.  As suas características pessoais desafiam profissionais e a escola ao elaborar situações de aprendizagem que favoreçam a inclusão escolar social do aluno.

                    Estes alunos apresentam características especificas e peculiares com necessidades únicas. Para isso se faz necessário dar atenção à comunicação e o posicionamento. Sendo assim, as interações de comunicação e as atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade e a dignidade. Isso se refere às pessoas que possam mediar o seu contato com o meio. O mediador deverá ampliar o conhecimento do mundo ao redor desta pessoa proporcionando autonomia e independência. Para Bosco, Mesquita e Maia (2010) qualquer tentativa de comunicação pode ser um comportamento.

                     Considera-se o corpo parte da realidade humana, portanto favorecer o desenvolvimento do esquema corporal torna-se primordial. A boa adequação postural torna-se indispensável à comunicação. Portanto colocar o aluno sentado numa cadeira de rodas ou deitado para que se comunique é imprescindível. Uma condição que facilita a percepção dos movimentos.

                     Ações que o ajudam a perceber o mundo exterior quando se busca a verticalidade e o ajudam a desenvolver [...] “o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização dos seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular.” (BOSCO, MESQUITA, MAIA, 2010 P. 11).

                      Conclui-se que pessoas com surdo cegueira e deficiência múltipla devem aprender a usar as mãos, evitando as estereotipias motoras, para que desenvolvam um sistema estruturado de comunicação. As dificuldades fono-articulatórias, motoras ou neurológicas resultam em prejuízo no processo de simbolização das experiências vivenciais. Sendo assim, cabe à escola e aos profissionais oferecer recursos que favoreçam a aquisição da linguagem estruturada, seja verbal ou estrutural relacionada ao ambiente para ser feliz.

           Sendo assim, o professor deve organizar o Plano do AEE favorecendo a inclusão escolar e social. Para estimular a aquisição da linguagem, o reconhecimento do ambiente, motivando-o a aprender, favorecendo as interações sociais. Este fica prejudicado quando as informações sensoriais e organização do esquema corporal deixam a desejar.

 

Referencias

 

BOSCO, Ismênia C. M. G. .;A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: surdocegueira e deficiência múltipla/ Ismênia C.M. G. Bosco; Sandra R. S. H. Mesquita; Shirley R. Maia. – Brasília: MEC, Secretaria da Educação Especial; (Fortaleza): Universidade Federal do Ceará, 2010 v. 5. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar).  

      


[1] Lisete Maria Massulini Pigatto é Drª em Ciências da Educação. Atua como Educadora Especial no Sistema Estadual e Municipal de Ensino na Cidade de Santa Maria, RS, Brasil. Onde desenvolve projetos que visam a inclusão escolar e social dos alunos de forma saudável.
Acadêmica de Direito na FADISMA – Faculdade de Direito de Santa Maria.http://www.aee2010.ufc.br/aee/cursos/aplic/index.php?cod_curso=198